Dear me...


(Esta carta tem uma finalidade que a seu tempo falarei e foi-me pedida hoje)




17 de Maio de 2015


Olá S***,

Espero encontrar-te bem pois já lá vai um longo tempo e um grande percurso. Como tens passado? Aposto que ainda tens alguns macaquinhos aí nessa cabeça. Nunca estás sozinha pois não? Há sempre aí uma «multidão» no caminho! Ficas muito chateada se te disser que não tenho assim muitas saudades tuas? Não leves a mal, nem me interpretes como uma pessoa indelicada contigo, mas aí onde estas agora só tenho mesmo vontade de reencontrar aquela mulher de luz e sorriso aberto, que quando olha a montanha sabe que a pode escalar.
Mas sim tenho saudades de «namorar» contigo quando és tão TU e tão feliz, e mesmo quando estás mais triste davas-me sempre aquele abraço! Ah!!! Sinto tanta falta de te ver dançar! E não penses que és assim tão básica ou menos talentosa porque há dois meses estive no Carnaval do Rio (finalmente! Tu prometeste-me que eu ia lá quando eu tinha 7 anos!) e vi quem não tivesses tanta força e talento como tu. Mas acho que te ia desarmar mesmo se te tivesse levado comigo ao Metropolitan Opera House em Nova Iorque. Sabes o que fui assistir? À peça de ballet D. Quixote! Lembras-tes das vezes que me disseste que esse era o teu sonho de pequenina e costumavas falar com tristeza porque aos 29 anos ainda não o tinhas concretizado? Lembras de falar que de certeza que te emocionar na plateia e que o sonho fazia sentido se fosse sobretudo oferecido por alguém que te conhecesse bem? Eu lembrei-me disso tudo quando estive lá assistir. Terias ficado tão orgulhosa se me visses! Sabes que em NY assistir a um espectáculo destes é um evento social daqueles mesmo cinematográfico. Vai-se sempre bem vestido e claro que há sempre os típicos pedantes que se acham vedetas da brodway. Acho que nunca mais vou esquecer. Foram umas férias fantásticas.
Ainda nem te contei, mas consegui fazer o meu curso de massagem de recuperação e estou agora no nível 3 de Reiki. Eu disse-te que ia conseguir! Lembras-te das vezes que eu falava que a aviação era a minha vida, que me fazia feliz e que me ia levar a conhecer o mundo? Quem diria não é? Nunca mais voltei a trabalhar na aéra, mas deixou de ser a minha vida para marcar um novo rumo nela. Fez todo o sentido todas aquelas vezes em que me lembrei dos casos de socorrismo a bordo que tive. Esteve sempre no meu sangue a reacção rápida, a vontade de ajudar e a de melhorar o estado de alguém. Foi alí mesmo nos tempos vividos em Liverpool que descobri isso. Felizmente as pessoas correctas foram aparecendo no meu caminho! Ás vezes ainda gosto de falar destes «acasos», mas será que foram? Quando decidi fazer o curso de Autodefesa Energética com o Denis, nunca mais parei. Há coisas que nem eu ainda consigo explicar, mas talvez o mestre se tenha cruzado comigo e provocado esse «despertar». Esse lado espiritual que acordou em mim, tem me ajudo mesmo muito a ser uma melhor terapeuta e … quem diria… sempre ando a percorrer esta circunferência chamada mundo! Estive na India a ter formação na aéra de massagem ayurvédica e há um ano cumpri o objectivo de ir ao Tibete. Não fui sozinha. Lancei o desafio a uma amiga que conheci nestas formações com o Denis e lá fomos os três! Nem há palavras para descrever! Já para não falar que estive na Aústrália! Lindo!
Tudo tem corrido bem e as dificuldades financeiras de há uns anos já são bem mais leves. Até já acabei de pagar o carro!
Não sei bem quando terá sido o ponto de viragem, mas arrisco a dizer que estavas lá comigo, naquele Domingo de sol junto ao Rio Douro em que pensei mesmo em saltar. Ainda me lembro bem de me teres puxado o braço e me gritado naquele misto de brutidão e terror. Se calhar foi aí… se calhar foi alí mesmo que começei a acreditar que Deus nos inspira a viver e nos ensina a usar as ferramenteas adequadas. Tive a certeza que algo demoníaco me seduziu com a morte e naquele dia de sol consegui dizer-lhe: «Ainda não. Não é agora que vou». Regressei a casa naquele dia passo a passo, bem devagar e a respirar cada lufada de ar que era tão maior que a capacidade dos meus pulmões. Escolhi viver!
O coração? Esse está tranquilo, foi recuperando e ainda que esteja há alguns anos na opção de viver sozinha, eu sinto que o meu «ele» anda por aí. Não sou assim tão feiazinha pois não? J
Todas as histórias acontecem a seu tempo. Se calhar até nem estou sozinha porque tenho me namorado mesmo muito. Danço comigo, compro-me um vestido de vez em quando, ofereco-me um belo par de sapatos e levo-me a viajar! Um dia tudo acontece não é? Isso vale também para ti, por isso vê se deixas de ser ansiosa e mete nessa cabeça que esse sofrimento todo nem sequer é justificável! Já foste muito feliz e sabes de quem falo. Deixa partir… O amanhá é uma incógnita. Este «agora» é o que tens de abraçar.
Não demores muito ok? Anda ter comigo assim que possas. Vais adorar conhecer o meu mestre. Já sabes que a porta de minha casa está sempre aberta e é bom que gostes de animais porque tenho um cão que é mesmo uma ternura. Depois da morte do Jimmy naquele dia em Dublin, achei que nunca mais ia ter assim um animal comigo, mas olha rendi-me a este.
Lembei-me agora… consegui finalmente publicar o meu livro de poesia e estou agora trabalhar num mais ligeiro e divertido e muito voltado para as mulheres. A nossa condição de seres femininos às vezes merece uma peça de tragi-comédia!
Vou agora dormir e aproveito para te desejar uma boa noite. Volta rápido sim?

Beijinhos doces

S*** do Futuro

Comentários

Unknown disse…
Gosto dessa "Sandra" a do futuro :-)
Vais ver que vais olhar para trás e tudo vai parecer muito longe.... só tens de ter paciência que da dor o tempo trata... as lembranças ficam, mas essas servem para te tornar mais forte.... :-)

Sabes uma coisa? essa outra "Sandra" nunca mais te vai responder.... :-)
Anónimo disse…
hum, que aconteceu a um outro post anterior a este? ...não gostaste do que publicaste e apagaste? não devias...não se deve nem pode apagar o passado!...faz parte...fez de ti quem és, para o bem ou/e para o mal...

bela carta...faço votos para que se realize...

até que isso aconteça, deixo-te um pensamento em forma de verso:

"Se pudesses um dia
Voltar atrás
Que diferenças farias
Que mudarias?

Farias igual?
Farias diferente?
Mudavas todo um mundo?
Ou nada muito profundo?

O que já aprendeste
O que já esqueceste
O tempo que passou
O que o tempo apagou

No fundo sabes
Que farias de novo
Todas as brincadeiras
Todas as asneiras

Porque se és quem és
E tudo o que alcançaste
Ao passado o deves
O passado que escreves

Se puderes um dia
Voltar atrás
Deixa ficar
Fica apenas a olhar

O que sofreste
O que sorriste
Faz tudo parte do teu ser
Quando te dás a conhecer"
Anónimo disse…
Quem é o ilustre desconhecido?

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