Nada mais...

Há muitos meses atras escrevi-te esta carta para ti J. Já ninguém escreve cartas de amor, isso são proezas do século passado. Quando o fiz, enterrei em mim um sentimento que já nem eu compreendia. É possível duas pessoas apaixonarem-se sem nunca terem feito amor? Haverá um amor que nasce na pureza das palavras? Já não importa responder. Decidi publicá-la apenas hoje....

«Resolvi escrever-te... Sempre achei que me exprimo melhor com as palavras e , no fundo, foi com elas que te abordei sempre. Resta-me o teu endereço de email. De tudo o resto despojei-me, uma medida extrema é certo. Haverá alguma forma subtil, menos penosa, de cortar as amarras? O que são as amarras afinal? Esses laços de cumplicidade que se estabelecem entre as pessoas sem percebermos bem porquê.

Quando te conheci (por acto meu de instintiva curiosidade de me apresentar a ti) achei que sempre te havia conhecido. Sempre falamos a mesma linguagem e sempre sofremos da mesma sensibilidade. Tal como uma vez disseste (ali num lanche num parque deste Porto que eu amo) : somos dois seres complexos. Lamento que nunca me tenhas conhecido com o meu sentido de humor disparatado, de pura brincadeira. Sempre tive jeito para divertir e roubar gargalhadas.

De tudo, ainda que pouco, que te disse, resta-me apenas dizer simplesmente: gosto de ti... Gosto a troco de nada e porque achei que me olhavas para além de um corpo.

Não te amo, não sofro de paixão pois nunca fomos um do outro, mas gosto do que és ... osuficiente para de deixar ir da minha vida. Não fica nada por dizer, nem mágoas, nem criticas.

Não poderei contactar-te porque te arrumo da minha história e das minhas lembranças. Não há mensagens, nem numeros de telefone, nem convites sem resposta. Deixas-me um vazio...

beijo de baunilha

Sandra »