Rascunho

Ando há algum tempo com isto rascunhado na carteira. Foi o último poema que escrevi, sem tema ou talvez com tudo misturado. Nem o cheguei a acabar e por mais que o releia não o consigo fazer. Pelo largo-me dele aqui e rasco o papel em que o escrevi. Aqui fica... Jasmim...é assim o teu cheiro, de um branco nas pétalas esvoaçado, quando num abraço me prendes entre beijos demorados, de um amor desconhecido, conquistado. Soltam-se as amarras, do tempo que nos abandona, largados na solidão das horas, para ser ânsia de retorno, saudade do sabor que ainda perdura. Quero-te para mim, poema que reescrevo de palavras soltas, vezes sem conta... até nos encontrar num romance esquecido. Pertenco-te na noite sombria, vazia de estrelas e de lua, nostalgica penumbra, o meu fado, que não canto, apenas choro, nos acordes da guitarra. Vives em mim como palavra vadia, verso desapaixonado de um poeta. És este lamento que me corre nas veias, letra vazia, texto traiçoeiro.