A volta à vida em 180º graus - Mensagem 3

Há uns anos, enquanto estudava e nas muitas tarefas de análise textual, este poema veio ter comigo. Devia ter perto de 19 anos, mas na verdade nunca mais me abandonou. Do meu fascinante Eugénio de Andrade, aqui vos deixo:

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Como parceiras estas foram palavras que guardo, porque AMANHÃ é tarde demais para falarmos com aquela voz do lado esquerdo peito: a do coração. Por que são tantas as vezes em que nos omitimos, oprimimos, silenciamos, curiosamente porque nós apenas nos permitimos. Olhamos as circunstâncias e atribuimos-lhe o Papel Principal e, aí, então fica para amanhã sermos honestos, soltos ao discurso, por vezes inconvenientes no mundo alheio. Por que tantas vezes não escolhemos dizer GOSTO DE TI àquele grande amigo; AMO-TE aos pais, filhos, companheiros.

Quando foi a última vez que deixaste voar aquele «gosto de ti» dos teus lábios? Terias coragem de o fazer agora mesmo, se tivesses um minuto apenas para viver?

O Poder do Fazer, o «poder fazer» enquanto reunimos um corpo vivo grita a todo o momento que é urgente o amor. E o amor mais urgente que terás será sempre aquele que nutres por ti mesmo! Não vires as costas à imagem do Espelho, é contigo que viverás até ao fim dos teus dias. Como? Do modo como escreveste a tua história

Boa semana!